Jane Austen

Por Isabela, Marcela e Sofia

Biografia

Devo ater-me a meu próprio estilo e seguir meu próprio caminho. E apesar de eu poder nunca mais ter sucesso deste modo, estou convencida de que falharia totalmente de qualquer outro.

Jane Austen
Jane Austen é uma das escritoras inglesas mais famosas, passados mais de dois séculos de sua morte. Autora de romances como Orgulho e preconceitoRazão e sentimento e Persuasão, consagrou-se por seus diálogos afiados e pela ironia presente em seus romances. Seus recursos de linguagem tinham um alvo específico: a sociedade provinciana inglesa do século XVIII.
Nasceu dia 16 de dezembro de 1775, em Hampshire, na Inglaterra. Filha do reverendo George Austen e de Cassandra Austen, foi a segunda mulher dentre sete irmãos. Quando completou oito anos, foi enviada a um internato – junto de sua irmã Cassandra, sua melhor amiga durante toda a vida – para receber a educação formal. Seu contato com os livros vem do acesso à biblioteca da família, permitido após a volta do colégio interno.
Na adolescência, Austen escrevia comédias, e seu primeiro livro bem acabado foi Lady Susan, escrito em forma epistolar, quando a autora tinha dezenove anos. Em 1797, Austen já havia escrito dois romances, Razão e sensibilidade e Orgulho e preconceito. Oferecidos pelo pai da inglesa a um editor, os livros foram rejeitados. A publicação dos títulos ocorreu só em 1811 e 1813, respectivamente, assinados com o codinome de “uma senhora”.
Jane Austen também é autora de EmmaMansfield Park e A abadia de Northanger, romances nos quais buscava retratar a sociedade da época e a busca da mulher pelo melhor casamento, como única forma de ascender socialmente. As aparências são apresentadas pelos diálogos e contradições dos personagens, em um texto carregado de ironia.
A proximidade de seus textos com sua vida levam a uma leitura autobiográfica da obra de Austen, e mesmo nunca tendo se casado, acredita-se que Jane teve namorados. Quando jovem, chegou a aceitar um pedido de casamento e, em seguida, fugiu.
Morreu em 18 de julho de 1817, aos 42 anos, vítima do mal de Addison. Deixou inacabado o romance Sanditon.


Obras

Obras principais:

Juvenilia ou obras da juventude
  • The Three Sisters
  • Love and Freindship (sic). (1790). Esta falha ortográfica no título (*Freindship em vez de Friendship) é famosa entre os estudiosos.
  • The History of England (1791)
  • Catharine, or the Bower
  • The Beautiful Cassandra
Teatro
  • Sir Charles Grandison (sua única peça teatral, escrita provavelmente em 1791 ou 1792 e publicada somente em 1980)
Obras curtas
  • Lady Susan (1794, 1805)
  • The Watson (1804) (incompleta, sua sobrinha Catherine Hubback a finalizou, publicando-a como The Younger Sister, na metade do século XIX.)
  • Sanditon (1917) (incompleta)
Romances publicados
  • Sense and Sensibility (1811)
  • Pride and Prejudice (1813)
  • Mansfield Park (1814)
  • Emma (1815)
  • Northanger Abbey (1818) - póstuma
  • Persuasion (1818) - póstuma

Razão e Sensibilidade (1811)

O primeiro romance de Jane Austen.  Este romance concentra sua narrativa nas idílicas tramas de amor e desilusão em que duas belas irmãs inglesas se envolvem - Elinor e Marianne Dashwood - quando chega a idade do casamento. À procura do amor verdadeiro, as filhas órfãs de uma família pertencente à pequena nobreza enfrentam o mundo repleto de interesses e intrigas da alta aristocracia. Marianne e Elinor representam polos opostos do universo ético de Austen - enquanto Marianne é romântica, musical e dada a rompantes de espontaneidade, Elinor é a encarnação da prudência e do decoro.



Razão e Sensibilidade - Opiniões

Jane Austen encanta até hoje gerações de românticos que vão de adolescentes com seu primeiro beijo até os mais velhos que já tem uma família constituída. Desde os tempos da era vitoriana, Jane se tornou um clássico e para sempre ficou reconhecida por seus romances.
“Razão e Sensibilidade” não se difere de nenhum outro romance da autora, sua identidade está estampada em cada palavra, a delicadeza, a observação das emoções que o ser humano é capaz de sentir e os detalhes nítidos de todos os lugares e pessoas estão contidos no enredo. 

Além da imagem que Jane passa da Inglaterra em que vivia, de suas futilidades, dos passeios que era obrigada a fazer para não ser mal educada, das fofocas e do mal que essa poderia fazer a uma pessoa, de como as notícias corriam rápido demais entre as pessoas, e de como uma mulher poderia sofrer se demonstrasse emoções de mais ou de menos. Jane também conseguia descrever o que várias pessoas apaixonadas podem ser capazes de sentir, por um lado Eleanor e Edward, guiados pela razão, pela concentração de não extrapolarem seus sentimentos, de não demonstrarem nem para si tais emoções, do autocontrole e seguirem pelas regras impostas sob duas pessoas apaixonadas na época, por outro, Marianne e Willoughby guiados pela sensibilidade de suas emoções, pela paixão, por expressarem livremente seus pensamentos, amores e tudo que uma pessoa apaixonada é possível expressar, sem se darem conta de que regras infringem dentro da estipulada sociedade em que vivem.

Jane consegue demonstrar os prós e contras de uma emoção guiada pela razão e outra guiada pela sensibilidade. Se por um lado a razão lhe faz suprimir toda emoção, guardar qualquer tipo de expressão no íntimo, também lhe fazia ser uma pessoa correta perante a sociedade, sem criar distúrbios e problemas no nome da família. Por outro a sensibilidade lhe era capaz de ser livre, de poder dizer livremente seus pensamentos, vivenciar uma paixão e todo prazer em ser feliz com alguém que ama, mas também lhe trazia a desonra, os fuxicos e as dores de um amor que pode não durar para sempre.

Jane Austen consegue narrar uma história romântica sem se exceder em nenhuma de suas palavras ou observações, não precisa detalhar cenas de paixão ou gastar páginas e páginas descrevendo o amor físico entre duas pessoas para que elas existam. Nas palavras de Jane nós conseguimos encontrar paixão, dor, razão e sensibilidade de uma forma simples, convincente e que te deixa com o coração cheio de todas as emoções que seus personagens podem sentir. 


Orgulho e Preconceito (1813)




Considerado como a obra prima de Jane Austen. Publicado pela primeira vez em 1813, na verdade havia sido terminado em 1797 antes de ela completar 21 anos, em SteventonHampshire, onde Jane morava com os pais.
A história se passa na Inglaterra do final do século XVIII, onde as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote. Elizabeth Bennet, de vinte anos, uma das cinco filhas de um espirituoso, mas imprudente senhor, no entanto, é um novo tipo de heroína, que não precisará de estereótipos femininos para conquistar o nobre Fitzwilliam Darcy e defender suas posições com perfeita lucidez de uma filósofa liberal da província. Lizzy é uma espécie de Cinderela esclarecida, iluminista, protofeminista. Neste livro, Jane Austen faz também uma crítica à futilidade das mulheres na voz dessa admirável heroína — recompensada, ao final, com uma felicidade que não lhe parecia possível na classe em que nasceu. 


Orgulho e Preconceito - Opinião

Orgulho e Preconceito é um clássico que merece o adjetivo. Um livro completar duzentos anos é um feito digno de nota, mas um livro chegar ao bicentenário sendo lido e admirado é um feito ainda mais notável.
A obra nos apresenta a dinâmica da família Bennet e seu diminuto círculo social na pacata e provinciana região de Hertfordshire. A narrativa em terceira pessoa retrata a visão de mundo da protagonista, Elizabeth Bennet, a segunda de cinco irmãs e uma mulher muito avançada para a sua época. Em uma sociedade onde as aspirações femininas são limitadas a um bom e rentável casamento, Lizzy - como é carinhosamente chamada pela família e amigos - tem uma visão particular e inusitada de enfrentar questões como matrimônio, educação, moralidade, contrariando o ponto de vista aristocrático e hipócrita da Inglaterra do século XIX. Os acontecimentos começam a tomar forma quando Charles Bingley, um jovem cavalheiro, solteiro e rico, muda-se para a mansão de Netherfield, junto das duas irmãs e de seu melhor amigo, Fitzwilliam Darcy, para uma temporada na região. Bingley logo se encanta por Jane, irmã mais velha de Lizzy, e a partir daí um interesse crescente se desenvolve entre os dois.

Mas o principal do livro é a relação entre Elizabeth e Darcy. Desde o primeiro encontro com Darcy, Lizzy experimenta o incômodo causado pelo abismo social que os distingue e nutre uma imediata antipatia pelo homem distinto e impassível que se molda diante de seus olhos. Apesar de propensa aos preconceitos advindos de primeiras impressões (inclusive Austen inicialmente batizou de “First Impressions” esta obra), Lizzy é simpática, espirituosa e bem humorada. Darcy é taciturno, orgulhoso e reservado, e aparenta para Lizzy um ar de superioridade e arrogância para com todos os recém apresentados. Também Darcy repudia Lizzy de imediato por ser de classe social mais baixa e não bela o suficiente para prender sua atenção.

É entre conflitos causados pelos amigos e familiares que os cercam que descobrem a si próprios e o impacto que um pré-julgamento pode ter em relações futuras. Este é um livro onde vemos o orgulho e o preconceito serem quebrados, numa garantia de nascimento para um sentimento muito maior: com os protagonistas enxergamos o inevitável surgimento do amor, que é edificado lenta e inconscientemente por ambos. 

O romance existe, claro, porém é sutil. São sentimentos sem drama e dramas sem sentimentalismo. Os diálogos são inteligentes, os personagens divertem e assombram, a narrativa mantém um ritmo constante, a história não se mostra parada nem em um único instante. É possível se ver em cada personagem um estereótipo da sociedade em que a própria autora viveu. As cinco irmãs Bennet representam personalidades tão distintas e tão legítimas que as reconhecemos facilmente hoje, dois séculos após a conclusão da obra.

A universalidade de Jane Austen atravessa os tempos, encanta e seduz o público moderno. É fascinante o modo como ela retrata a sociedade de sua época, com grande atenção aos detalhes e sempre trazendo diálogos fortes, concisos e intensos, mostrando o que cada personagem sente no momento. Austen se aproveita do seu talento brilhante para descrever o psicológico e tira disso personagens absolutamente inconfundíveis e inesquecíveis.